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Pe.Airton Liberato |
Para
iniciarmos uma reflexão séria a respeito do Dízimo hoje em dia, é necessário compreendermos
a Igreja católica como nossa casa e Comunidade do Senhor: “Todavia se eu tardar, quero que saibas como deves portar-se na casa de
Deus, que é a Igreja de Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade” (ITm.3,15),
que também é nossa família, realidade presente em nossa vida cotidiana e espiritual.
O
objetivo deste estudo não é confundir e nem se contrapor ao Dízimo, pelo
contrário, é de esclarecer a verdade do ponto de vista Cristã – visão
neotestamentária; e como contribuir pela graça, (II Cor. 9,7) não por coação
psicológica ou simplesmente por interesse (teologia
da prosperidade).
O Cristão não deve se sentir obrigado a devolver o seu Dízimo,
por medo de ser amaldiçoado (Ml.3,11),
isso seria reproduzir o pensamento hebreu (Lei mosaica) e não seguir os
ensinamentos de Jesus Cristo. No novo catecismo da igreja católica, portanto, a
igreja instituída pelo próprio Cristo, (Mt. 16,18) é apresentado o verdadeiro
mandamento cristão sobre o que a igreja entende por Dízimo, “ajudar a igreja em suas necessidades” (cf.
5º mandamento, catecismo 2043), no entanto, temos que ter cuidado para não
fazermos uma interpretação erronia deste mandamento. Podemos pensar que comprando
uma rifa ou uma cartela de bingo já estamos ajudando o suficiente. É ajuda sim!
Mas, não gera compromisso. Portanto, o Dízimo é a verdadeira ajuda.
A
visão do que é realmente Dízimo, tem sido muito mal esclarecido ao decorrer dos
anos. Primeiro quando a Igreja ainda era “vinculada”
ao Estado, o Estado cobrava o dízimo em forma de imposto e repassava uma parte
para a igreja (até 1889). Quando a
Igreja separa-se do Estado fica meio que sem rumo na dimensão econômica. Aí retomaram
a infeliz ideia das taxas pelos serviços religiosos. Ainda hoje pagamos um
preço caro por tudo isso, que certa forma nos afastou da verdadeira prática da
partilha, e quando partilhamos muitas vezes não somos honestos com Deus (Ml. 3,7-10). Como se tudo isso não fosse o suficiente
aparece a “teologia” das seitas
pentecostais e até de grupos católicos com uma visão novamente equivocada a
respeito do Dízimo; umas prometem prosperidade, outras nos amedrontam com
possíveis punições no caso de não “pagarmos” o dízimo - na verdade tudo isso é
contrário a pregação de Jesus (Mt.
23,23).
É bem verdade que não existe um só versículo no Novo Testamento,
que registre a obrigatoriedade do cristão em devolver o Dízimo. Por outro lado,
se o cristão deixa de devolver, porque descobre que não é obrigado por Deus a
dar o Dízimo está agindo de má fé para com Deus. Como está escrito em ICor. 9,7
“o cristão deve contribuir
conforme o impulso do seu coração”. Observe o verbo! (o cristão DEVE) isso
gera compromisso. Também devemos lembrar que Deus nunca nos obriga a nada, pois
nos deixou a liberdade de escolha como opção de vida. Mas deve também saber que
tem responsabilidade por sua igreja.
Pela
antiga Lei, o dízimo era destinado à tribo levítica, aos sacerdotes desta
tribo. Eles recebiam, se mantinham e distribuíam aos órfãos, as viúvas e aos
outros necessitados. O templo foi destruído e não existe mais sacerdotes
levitas. No entanto, a vontade de Deus não mudou; manter igreja, seus Sacerdotes e ministros e, principalmente ajudar os
mais necessitados. Devemos devolver sim o Dízimo! É dever de todo
cristão, mas, por responsabilidade à nossa família cristã, como graça de Deus
em nossa vida e pelas infinitas manifestações de amor Dele para conosco. Esta é
a nobre missão do cristão, devolver seu Dízimo a Deus através de seus
representantes, os Sacerdotes, e estes, manter a missão de Cristo e repartir
entre os mais necessitados.
Na
Lei antiga, embora também por amor e por temor eles davam o Dízimo para não
serem amaldiçoados e até para obterem bençãos(ML. 3,10).
Na
Nova Lei, o Sacrifício de Cristo que é a causa principal da benção do povo
cristão, e não a oferta ou o Dízimo. Jesus, nos ensina a partilhar, diz que
somos igreja, partilha seu próprio corpo e manda que façamos o mesmo (fazei
isto em memória de mim) MT. 26,26.
Por
fim, como padre e pastor da Igreja de Cristo, proponho que para começar a
entender melhor o sentido do Dízimo devemos conhecer os evangelhos e as cartas
de São Paulo, e toda Bíblia. Então tenho certeza que teremos uma Pastoral séria,
consciente e como verdadeiras Comunidades cristãs. Sou dizimista, porque tenho
Jesus como Senhor e mestre e também porque acredito que o projeto evangelizador
de Jesus acontece por meio da missão da Igreja Católica.
Padre José
Airton Liberato
Presidente da
Comissão Diocesana para o Dízimo.