Hoje, a Igreja Católica celebra a solenidade do Sagrado Coração de
Jesus. Além da celebração litúrgica, muitas outras expressões de piedade
têm por objeto o Coração de Cristo.
Não há dúvida de que a devoção ao
Coração do Salvador tem sido, e continua a ser, uma das expressões mais
difundidas e amadas da piedade eclesiástica. Entendida à luz da Sagrada
Escritura, a expressão “Coração de Cristo” designa o mesmo mistério de
Cristo, a totalidade do Seu ser, a Sua Pessoa considerada no Seu núcleo
mais íntimo e essencial.
Como o têm lembrado frequentemente os Romanos Pontífices, a devoção
ao Coração de Cristo tem um sólido fundamento na Escritura. Jesus
apresenta-se a si mesmo como mestre “manso e humilde de Coração” (Mt.
11,29).
Pode-se dizer que a devoção ao Coração de Jesus é a tradução em
termos cultuais do reparo que, segundo as palavras proféticas e
evangélicas, todas as gerações cristãs voltaram para Aquele que foi
atravessado (cf. Jo 19,27; Zc 12,10), isto é, o costado de Cristo
atravessado pela lança, do qual brotou sangue e água, símbolo do
“sacramento admirável de toda a Igreja”.
A Idade Média foi uma época especialmente fecunda para o
desenvolvimento da devoção ao Coração do Salvador. Homens insignes pela
sua doutrina e santidade, como São Bernardo (+1153), São Boaventura
(+1274), Santa Lutgarda (+1246), Santa Matilde de Magdeburgo (+1282), as
Santas Irmãs Matilde (+1299) e Gertrudes (+1302), Ludolfo de Saxónia
(+1378) e Santa Catarina de Sena (+1380) aprofundaram o mistério do
Coração de Cristo no qual percebiam o “refúgio” onde acolher-se.
As formas de devoção ao Coração do Salvador são muito numerosas;
algumas têm sido explicitamente aprovadas e recomendadas pela Santa Sé.
Entre elas devem ser lembradas: a Consagração pessoal; a Consagração da
família; as Ladainhas do Sagrado Coração de Jesus; o Ato de Reparação; e
a prática das Nove Primeiras Sextas-feiras.
A devoção ao Coração de Cristo foi um antídoto para suscitar nos
fiéis o amor ao Senhor e a confiança na sua infinita misericórdia, da
qual o Coração é prenda e símbolo.